Admito que a existência desta lei não mude grande coisa mas tem de se começar por algum lado.
Claro que não é um simples piropo que vai levar alguém a sentar-se no banco do réu. São aqueles com carácter sexual como o típico "comia-te toda", "dava-te 3 sem tirar" ou o "oh estrela queres cometa?". No entanto acho que ninguém leva a mal ouvir um "rica mãe que teve assim uma filha", ou um "da-me um sorriso que vais ver que o teu dia até corre melhor". Temos de ver os diferentes contextos e ver até que ponto o piropo pode ofender a menina ou Srª a quem é "oferecido".
Mas mudando de assunto, esta nova lei não foi bem-vinda por muita gente e foi muuuuito comentada nas redes sociais. Foi comparada inúmeras vezes com a lei do aborto porque "o piropo é punido por lei e o aborto aplaudido de pé", culpando ainda as feministas pelo sucedido. Este é um assunto delicado para mim e peço-vos desde já que tentem manter a mente aberta e percebam que:
Não confundam uma lei que permite a escolha - NÃO OBRIGA A NINGUÉM A FAZÊ-LO - com uma lei que zela pelo bem estar psicológico das mulheres. Sim um piropo não faz mal a ninguém mas deve ser feito na medida certa. Porque quando saímos à noite também não gostamos que nos chateiem com os assédios estúpidos, ficamos ofendidas com a conversa do "levar-te para a cama e mostrar-te o que é bom", levamos a mal, dizemos que não somos qualquer uma. Mas na rua, ao passar pelas obras (dou este exemplo por ser o mais comum e mais conhecido) ouvir algo desse género é considerado normal.
Eu apoio o aborto quando realizado de forma consciente e com razão plausível porque se a mulher sabe que não tem condições para criar uma criança (seja financeiramente ou até de mentalidade - porque algumas não sabem cuidar de si quanto mais de um bebé) não deve colocar uma vida em risco. Agora por favor não venham dizer que a lei do aborto é pior que a do piropo. Critiquem quem usa o aborto como metodo contraceptivo mas deixem de lado aquelas que sofrem a pressão psicológica de viver com esse peso toda a vida e que o fazem não só a pensar no próprio bem mas também no futuro da criança. Não metam tudo no mesmo saco da mesma maneira que não o devem fazer com a lei dos piropos.
O que é demais é erro, sempre me disseram. E se antes estava mal porque muitas se sentiam humilhadas a ouvir certas coisas algo tinha de ser feito. A justiça portuguesa não ajuda mas a criação da lei já é um começo.
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