segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Universidade - Futuro incerto e medos

Um dia li um post que me fez pensar numa boa história para vos contar.
Cheguei a conclusão de que a Universidade é um passo importante na vida de um estudante e como tal, traz-nos receios sobre esse mundo dos jovens adultos cheio de novas experiências. Como tal, decidi contar-vos a minha história sobre essa experiência.
Com a certeza de que estava prestes a iniciar uma nova fase da minha vida, o medo foi crescendo. Novas pessoas à minha volta, muitas com as quais não me identificava minimamente. Eu, a rapariga da aldeia (Esperem lá! Que raio? Nunca me considerei uma pessoa da aldeia! Não vivo numa cidade mas não considero que corresponda aquela ideia de rapariga da aldeia!) num mundo um pouco diferente. Era o facto de 'bastar pedir e o papá trazia tudo o que quisessem' contra a realidade que eu vivia, de estar habituada a ouvir não's constantemente. Fiquei assustada. Claro que na altura generalizei, não são todos crianças mimadas, mas é sempre assustador quando a primeira impressão que retiras do teu 'novo' mundo, é algo tão diferente do que estás habituado(a). E a minha personalidade não ajudava... Eu a socializar, fazer novos amigos e integrar-me em grupos? Não, nisso nunca fui um bom exemplo e receava passar os 3 anos que todos referem como "os melhor da vida", sozinha e excluída desta sociedade estudantil. Para melhorar a minha situação, havia a praxe. Sabem aquele bicho papão? Aquelas história de pessoas mortas e feridas, brincadeiras maldosas e etc e tais que nos contavam e que apareciam nos jornais? Pois, são essas histórias que nos enchem de medo daquilo que nos espera.
Era um mundo novo, um mundo onde sair à noite e ficar bêbado constantemente é o primordial, o valor que se levanta, a razão de ser universitário. E isso não era algo que fizesse parte de mim. Sair, dançar, discotecas e bares, bebidas e noitadas prolongadas até ás 7h da manhã do dia seguinte. Tudo isso era algo que não combinavam com a S* (a Chocolateira*). E depois, as 'crises existenciais', como costumo dizer: É este mesmo o curso que quero? Vejo-me a trabalhar nisto a minha vida? Estarei a fazer uma escolha em cima do joelho?
Nada de positivo vinha com a ideia de "ir para a Universidade". Foi quando me apercebi de que o meu percurso podia ter desvios e caminhos mais ou menos longos. Não tinha de ser tudo tão negativo. A ideia de sair debaixo das asas da mãe, de ser livre, de viver com pessoas da minha idade. A ideia de não dar satisfações, de ser eu, de não ter de aceitar um "não podes ir". Tudo isso me fascinava. O facto de poder ter a liberdade e de deixar de ser a pequenina da família, a protegida, deixar de ser a bebé que todos querem poupar, devido ao mundo cruel e viver! Viver no mundo real, "cair 7 vezes e levantar 8", fazer coisas estúpidas e perceber porque nos aconselham a não fazermos determinadas coisas. Queria cometer erros, aprender com experiências novas e foi isso que me levou a jubilo na fase das candidaturas. Esqueci os pontos que considerava maus e foquei-me nos pontos bons.
E após um longo tempo de espera, eis que chega o dia esperado! Estava em frente ao computador, acabara de receber um mail - DGES! (para quem não sabe, Direcção Geral do Ensino Superior) Sentia-me pequena, como se fosse um grau de areia num oceano e o medo apoderava-se de mim. Se não entrasse o meu mundo ruía e as expectativas que criara iam acabar em desilusões. Abrir aquele e-mail poderia mudar a minha vida, poderia mudar a minha existência! Respirei fundo, fechei os olhos e abri o mail. 

 
Entrei na Universidade de Aveiro, no curso que queria! Estava em êxtase, não era a minha primeira escolha mas era uma das 3 primeiras e era isso que queria!
Infelizmente (ou felizmente), o meu entusiasmo não foi partilhado pelos meus pais. A menina pequenina sair de casa não era opção para eles e anunciaram-me com cautela, tal como quando um médico dá a noticia de uma grave doença ao seu paciente: "Vais para a privada!" E claro, eu, que nunca fui de me impor ou contrariar ninguém, calei-me, pus o meu melhor sorriso e andei assim o dia todo, a morrer por dentro, enquanto cumprimentava os convidados que iam chegando, me entregavam as suas prendas e me felicitavam pelo meu 18º aniversário...
Ia para a privada e não havia volta a dar. O caminho que segui mudou-me, tal como tinha imaginado que aconteceria. Mas mudou-me de uma forma que não pensei que fosse possível. Fazer amigos era crucial e acaba por acontecer, nem sei bem como. Acho que as circunstancias acabam por juntar pessoas que não se conhecem e que estão também sozinhas. Isso e um sorriso, ajuda sempre. É o meu melhor conselho: sorrir. Porque se pensarem bem, nunca iniciariam uma conversa com alguém que estivesse de mal com o mundo. Sorrir é a forma de dizer que vamos ser simpaticos e que "não mordemos". Assim, a sorrir, conheci novas pessoas e descobri que quem menos esperamos se pode tornar numa das pessoas mais importantes da nossa vida. Apercebi-me de que a primeira impressão engana e que aquela que nos olha de lado na terça-feira pode ir connosco à praia na sexta-feira e nos roubar os sorrisos mais sinceros. Aprendi que a frase "os amigos da faculdade são para a vida" (não desfazendo os outros, é claro) é a mais certa de muitas que já ouvi.
Ensinou-me que sem estudar, não vamos tirar o 9,5 naquele exame que até parecia ter matérias fáceis. Sim, vamos para a faculdade com a intenção de ter um bom futuro e para tal, as boas notas são precisas. Temos por isso, a fase dos exames que caracterizo como aquela em que "queimamos pestanas". Nela damos o tudo-por-tudo, e ás vezes, frustrantemente, não chega... Mas não há porque desanimar! Se outros conseguem, também vamos conseguir! Esse é o pensamento que devemos ter em mente. Ser positivos para a positiva :) Não vale a pena achar que antes mesmo de entrar, não vamos conseguir. Temos de tentar. E não sai à primeira temos a 2ª e a 3ª ou até a 4ª! Basta que nos empenhemos e logo havemos de conseguir.
Ensinou-me tambem que existem muitos tipos de praxe, mas que uma academia que se preze terá uma boa praxe, que não sabemos se gostamos até experimentar e que podemos a qualquer momento desistir. Cheguei à conclusão que apesar das dores nos joelhos por estar de quatro, não mudava esses momentos. Foram marcantes na minha vida académica e é com orgulho que uso o traje. Valores como o respeito aos mais velhos, a entreajuda e a lealdade à academia que nos acolhia, foram incutidos durante toda a praxe. Vieram momentos de diversão, jogos em grupo, novos amigos e colegas e alguns jantares para conviver. A praxe não era o bicho de sete cabeças e ainda bem que não a exclui no inicio, como considerara várias vezes.
Descobri que o sentido critico é muito importante na vida e que não nos devemos conformar com as imposições dos outros nas nossas próprias vidas. Hoje, apesar de ainda não ter cumprido o sonho de sair de casa, sou mais independente e não me conformo com aquele "não". Luto pelo que quero com mais garra!
A universidade mudou-me de forma marcante. Criou um 'eu' mais seguro de si, mais desinibido - MAIS FELIZ! Fez-me perceber que existem muitos tipos de pessoas e que devemos escolher quem queremos do nosso lado, sem nunca desprezar os outros que nos rodeiam. Ensinou-me que para comentários maldosos existe uma coisa muito melhor do que qualquer resposta - a indiferença. Fez-me crescer enquanto pessoa e a guardar no coração somente o necessário e somente quem merece. Mas acima de tudo, ensinou-me a lutar com mais garra pelo meu futuro, fez de mim uma lutadora dentro da sonhadora que sempre fui.
Por isso, não tenham medo do vosso futuro.Risquem essa palavra do vosso dicionário ;)
Os ventos da mudança aproximam-se mas podem sempre ser os marinheiros do barco da vossa vida e manejar as velas para que os ventos vos levem onde pertencem e pretendem ir.

1 comentário:

  1. "Ser positivos para a positiva :)" tal e qual!
    E fico feliz que estejas feliz, S* (:

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