sábado, 4 de junho de 2016

Eu e os problemas

Dizem que devemos falar dos nossos problemas para que a solução seja mais visível, para não carregarmos o peso sozinhos, para não enchermos o saco até ele rebentar de vez e não haver costura possível.
Eu nunca fui de falar dos meus problemas. Primeiro porque achava que eu não tinha essa importância. Porquê falar de mim, de uma pessoa sem qualquer interesse? Se eu não era interessante, então os meus problemas nem iam ser ouvidos, as pessoas não iriam perder o seu tempo.
Com o tempo, e de tantas vezes que me deram na cabeça, comecei a falar dos meus (alguns) problemas. E querem saber? Deu m*rda! 
As pessoas, mesmo aquelas que nos ouvem, não podem viver a nossa vida, não sabem o quanto certos problemas nos derrubam. As palavras nem sempre ajudam e muitas vezes em vez de falarmos um problema enorme e ele se tornar pequeno arranjamos um problema enorme e um raspanete/sermão que dura até que o problema esteja resolvido. 
Fartei-me. Não vale a pena falar, nunca valeu.
Eu posso ter a dor num pé que o vizinho vai ter a dor no corpo todo. Não quero dizer que eu não tenha problemas reais ou que o vizinho exagere nos seus problemas. Mas cada um sabe o que cada problema lhe custa. E apesar de saber que há coisas que devemos verbalizar, coisas que nos matam o coração, que nos levam à loucura, ao desespero, que nos fazem ter pensamentos maus.
Mas acho que a maioria dos meus problemas vai ficar comigo, não há palavra amiga que ajude e fartei-me das festinhas nas costas. Vou viver os problemas, preocupar-me, passar noites sem dormir até encontrar a solução ou até ela vir até mim. 
Se é profissional, fica comigo. Já dizia a minha bisavó. 
Na vida temos sempre dois sacos, o pessoal e o profissional. Em casa o profissional só abre quando necessário e no trabalho o pessoal nunca deve abrir. Temos dois sacos: um para o que é nosso e assim deve ficar (porque há sempre quem cobice) e o que é possível partilhar. O segredo é saber quando abrir cada saco. 
E como dizia o padrinho da minha avó o segredo é mostrar tudo, excepto aquilo que nos faz feliz.


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