Vimos-te ao frio, à chuva. Assustada numa rua com muito movimento e perto de um horto que tem dois cães que te expulsaram. Parecias tão pequenina, tão indefesa. Esperavas alguém, disso temos a certeza. Esperavas o conforto de uma casa, uma mão para fazer-te festas e uma tigela com comida e água. Porque é isso que todos esperam...
Hoje estás bem, estás na tua caminha (improvisada, admito - porque quando não há dinheiro o importante é que haja boa-vontade e tudo se consegue) tens os teus brinquedos e é uma histeria quando chegamos a casa. És a Flor da nossa casa porque foste encontrada no horto "Flor do Douro".
Agora estás a salvo mas o meu coração continua apertado porque a tua espera naquela rua podia ser de alguém que ainda te procura. Alguém que chora pela tua ausência e que te queria junto. Alguém que no fim de contas te perdeu. Ou pela irresponsabilidade de te deixar fugir (mesmo sabendo que ás vezes todo o cuidado é pouco e já tendo sofrido essa dor) ou porque não te mereceu e decidiu deixar-te ali, no meio do monte sem casa, sem comida, sem amor...
Para mim este pensamento é algo inevitável porque há tantos cães que fogem e o dono os procura mas a verdade é que outros tantos são abandonados. Fiz o que espero que façam se algum dia perder um dos meus: pesquisei nos sites mais conhecidos e no facebook por uma foto tua, algo que me fizesse crer que estava alguém à tua procura (dizem que é improvável pois a zona é de monte e as poucas casas que tem são relativamente perto de onde estavas, seria fácil alguém te encontrar ou tu voltares a casa).
Gosto de pensar que a nossa decisão de voltar para trás salvou uma vida, a tua vida. No mínimo que fez dessa existência algo mais feliz. E te garanto, o espaço não é grande, mas o amor é infinito.
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